Choque elétrico com recorrência mata pessoas; Bombeiros alertam para as causas e como prevenir acidentes

Manusear itens elétricos ou próximos de correntes energizadas pode causar acidentes e expor ao risco de choque elétrico.

O Corpo de Bombeiros Militar de Alegrete destaca a importância de medidas rápidas e seguras ao deparar-se com uma pessoa vítima de choque elétrico. Este incidente representa um sério risco à vida, variando conforme a intensidade da corrente e o tempo de contato com a eletricidade. A prevenção, por meio do isolamento de fios e tomadas, uso adequado de equipamentos de proteção e evitar exposições desnecessárias, é fundamental para evitar acidentes.

A reportagem do PAT entrevistou o Comandante do Corpo de Bombeiros de Alegrete, 1º Tenente De Àvila, sobre riscos, prevenções e cuidados relacionados a choque elétrico. Ele respondeu alguns questionamentos muito importantes :

Considerando que grande parte da população já recebeu uma descarga elétrica, em maior ou menor intensidade, surge a indagação de quando esses incidentes podem ser graves e fatais.

O que potencializa um choque a ponto de tirar a vida de uma pessoa?

O choque depende muito de sua intensidade, tendo consequências desde um formigamento até a morte. Correntes superiores a 10 mA fazem os músculos contraírem-se, o que dificulta, por exemplo, o pulo (salto). Correntes próximas de 20 mA tornam a respiração mais difícil, a qual pode cessar com correntes que chegam a 80 mA. As correntes elétricas que chegam a matar são aquelas cuja intensidade está compreendida na faixa entre 100 mA e 200 mA. Com intensidade próxima dos 100 mA, as paredes do coração executam movimentos descontrolados, o que é chamado de fibrilação. Ao contrário do que muitos pensam, as correntes elétricas mais perigosas são aquelas que têm intensidades relativamente mais baixas, que podem ser obtidas em eletrodomésticos comuns que funcionam a 110 V e 220 V. Correntes mais intensas podem provocar desmaios e fortes queimaduras, porém não chegam a matar de imediato.

O socorro a uma vítima de choque elétrico deve ser rápido, começando pelo corte da tensão elétrica. Caso não seja possível cessá-la, deve-se retirar a pessoa do local com um material isolante, como madeira, borracha ou materiais plásticos. Feito isso, é necessário chamar os bombeiros, que são pessoas altamente preparadas para esse tipo de atendimento emergencial.

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Quais são os agravantes?

A corrente elétrica e os efeitos que percorrem o corpo:

Contrações musculares, onde os músculos ficam rígidos e a vítima fica presa ao ponto de contato;

Parada respiratória. A paralisia pode ser prolongada após o acidente, daí a necessidade de prática contínua de respiração artificial por várias horas;

Asfixia, que ocorre quando a corrente passa pela caixa torácica;

Fibrilação ventricular, onde a corrente passa através do coração e desestabiliza o ritmo cardíaco normal. A fibrilação é um movimento muito rápido do coração, um tipo de vibração completamente que danifica o fluxo sanguíneo. Nesse estado, o coração não bombeia sangue, consequentemente a vítima fica em estado de risco de morte;

Queimaduras, que são produzidas pela energia liberada na etapa de intensidade. Em resumo, os danos causados pelos choques elétricos podem ser mais graves ou menos graves de acordo com a tensão e tempo de exposição ao qual o usuário é submetido. Contudo, de forma geral, os acidentes podem resultar em efeitos graves e irreversíveis, podendo chegar até o risco de morte.

Se a tensão elétrica é a mesma na maioria dos ambientes, por que em algumas circunstâncias essas descargas são fulminantes?

Porque não há um padrão nacional para a tensão (ou voltagem) que chega às tomadas das nossas casas. Quando o Brasil começou a montar sua rede elétrica, no início do século 20, diferentes companhias se estabeleceram em cada região do país. A escolha do sistema de 110 volts ou de 220 volts dependeu do país de origem das primeiras empresas e de uma análise de custos: a quantidade de gasto por metro quadrado, o dinheiro para a instalação e para os materiais necessários, como transformadores e cabos. Toda tensão elétrica, por mais baixa que seja, deve ser observada e detectada nas casas. Os aparelhos com maior risco potencial, se está ocorrendo alguma fuga de energia, alguma danificação nos cabos, algum aparelho com mais risco que requer uma maior tensão se não está energizado passando essa energia para outro aparelho tornando um raio maior (um arco elétrico voltaico) em sua casa como fonte de perigo. A tensão baixa em muitas vezes pode se tornar a mais fulminante.

Qual é a tensão mais segura?

Tanto a baixa como a alta podem ter efeitos graves e irreversíveis. Na hora que um dedo vai parar acidentalmente na tomada, o choque de 220 volts é duas vezes mais forte que um de 110 volts. Isso porque, no caso do corpo humano, quanto maior a tensão na tomada, maior a corrente elétrica que causa o choque.

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O que pode ser feito para retirar uma pessoa quando está recebendo a descarga elétrica?

O Corpo de Bombeiro Militar orienta a população para os cuidados com as descargas elétricas. Destacamos as formas de realizar o socorro às vítimas que estejam “grudadas” no ato do choque na eletricidade. Ao se deparar com uma vítima tomando uma descarga elétrica e que esteja ligada ao condutor de energia, não pode tentar tirar a pessoa da situação com as próprias mãos, para não receber a descarga também. Desligue a chave geral de energia. Em situações de acidentes elétricos, a primeira ação é suspender o quanto antes a troca de energia elétrica da fonte com a pessoa. Outra forma de retirar a vítima da situação de risco é com um pedaço de madeira ou algo de borracha, objetos que não conduzem a energia, mas primeiramente o desligamento da energia e chamar o socorro. “Você vê a pessoa grudada ao fio que conduz a energia, se tentar pegar na vítima será outra vítima, porque também levará o choque. Então, em primeiro lugar, tente desligar o condutor de energia, caso não consiga, use uma madeira forte ou borracha para desvencilhar a pessoa do condutor de energia”. No atendimento à vítima após o choque elétrico, as consequências podem ser diretas, como: acontecer a parada cardíaca, queimaduras externas e internas, lesões musculares e neurológicas. Além das indiretas, neste caso traumas pela queda, falência de órgãos. “É necessário que sejam acionados imediatamente os bombeiros pelo 193 e o Samu no número 192. São os profissionais especialistas para lidar com uma vítima nesta ocorrência e atendê-la após o trauma causado pelo choque elétrico”.

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Quais os cuidados que precisam ser observados?

Não devemos jamais tocar em uma vítima quando está recebendo o choque elétrico. Observar todo o local a sua volta, pois pode haver outros aparelhos energizados, é preciso desligar a chave geral da casa. Em caso de queimaduras, não use produto algum, não passe qualquer substância como gelo, manteiga, bandagem. Devemos deixar a pele exposta, não abafá-la. É importante que a pele possa respirar e que sejam usadas as substâncias corretas de alívio, que devem ser manuseadas por profissionais capacitados em procedimentos adequados. Não mantenha a pessoa perto da fonte causadora do choque. Lembrando, mais uma vez, de não tocar na pessoa sem o auxílio de materiais não condutores, afaste-a da fonte causadora com a ajuda de alguns desses materiais isolantes, primeiramente desligando a chave geral da casa.

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Quais os pontos mais suscetíveis a choque elétrico em casas e empresas?

Está na maioria das vezes na origem de suas instalações, feitas de forma errada ou já muito velhas. O fato é que são inúmeros os riscos que essas instalações podem oferecer. Aparelhos elétricos defeituosos, fios desencapados e instalações elétricas de má qualidade. Incêndios são causados por curtos-circuitos ou sobrecargas. Esse tipo de incêndio está geralmente ligado à falta de determinados cuidados com instalações internas como fiação antiga, gambiarras, falta de dispositivos de proteção, como disjuntores, utilização de benjamins e “tês” com o intuito de ligar muitos aparelhos em uma só tomada, problemas de aterramento, aumento de carga sem redimensionamento, falta de um projeto elétrico com dispositivo de segurança (DDR) para que evite estes incidentes. Como são choques elétricos, a casa ou empresa tendo um dispositivo de segurança DDR ajudaria e muito na prevenção em caso destes acidentes. O dispositivo DDR (dispositivo de diferencial residual) interrompe instantaneamente a corrente do circuito elétrico evitando os danos graves que podem ser causados por uma descarga elétrica. Contudo, na maioria das residências brasileiras o DR não é instalado devido ao seu custo financeiro.

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Nos dias atuais, qual o dispositivo que pode ser instalado em residências para eventuais acidentes como o choque elétrico?

O DDR (Dispositivo de Diferencial Residual) Um dispositivo DR é um dispositivo projetado para fornecer proteção contra eletrocussão, cortando o fluxo de eletricidade automaticamente quando detecta uma ‘fuga’ de corrente elétrica de um circuito. A instalação do DR é de suma importância em residências que possuem ambientes úmidos ou equipamentos velhos acoplados à instalação elétrica. Caso haja fuga de corrente em algum ponto da instalação o dispositivo DR dispara provocando o seccionamento da eletricidade, protegendo o usuário até que seja solucionado o problema e a anomalia.

O que é feito de forma recorrente e que oferece riscos maiores às pessoas?

Nas residências, o maior problema com acidentes elétricos está relacionado às más condições das instalações elétricas. Estes acidentes poderiam ter sido evitados com a adequação das instalações nas residências que, muitas vezes, ainda possuem certa carência em medidas de proteção e dispositivos de segurança como o DDR (dispositivo diferencial residencial). Na maioria das casas que já tem vinte anos ou mais, até tem que haver um redimensionamento de energia até com um quadro novo de distribuição com sistema de proteção, sem contar que na maioria das casas não há aterramento nas tomadas. Outro problema muito comum encontrado em todas as residências é o uso de benjamins e T’s. Devido à falta de mais tomadas para a ligação dos equipamentos eletrônicos, a utilização desses dispositivos acaba sendo mais frequente. Hoje em dia também temos muitos aparelhos de ar condicionado sobrepondo a carga de energia da casa, podendo causar um curto e um incêndio. Tudo isso que elencamos evita incêndios e acidentes como o choque elétrico. Temos que avaliar o quanto vale uma vida. Avaliamos nos dias atuais que um dispositivo de segurança, um projeto elétrico da casa com os aparelhos e máquinas que são usadas tem um custo, mas a longo prazo previne acidentes com nossas famílias e funcionários de nossas empresas. Prevenção é o melhor caminho.

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