Presença de Matteus no BBB inspira artigo sociológico de doutorando em História da Unipampa

O alegretense e historiador Anderson Pereira Corrêa, professor da UNIPAMPA – São Borja e doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em História da UFRGS, propõe uma reflexão profunda sobre as clivagens sociais e as identidades coletivas no texto intitulado “Matteus é peão! – Entre a identidade regional e a consciência de classe”.

Neste texto, Corrêa aproveita a visibilidade nacional de Matteus Amaral, participante do BBB24, para explorar as complexidades das identidades regionais e de classe, especialmente relacionadas aos trabalhadores rurais.

O ponto de partida da reflexão é a figura de Matteus, apelidado de Alegrete, e sua conexão com a identidade regional do Rio Grande do Sul, marcada por elementos como o chimarrão, as bombachas e o linguajar característico. No entanto, Anderson destaca que essa identidade regional muitas vezes obscurece a identidade de classe dos trabalhadores rurais, como alertado por Tau Golin em sua obra sobre o gauchismo.

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A análise histórica cuidadosa feita por Corrêa revela as transformações na concepção do termo “gaúcho” ao longo dos séculos, desde sua conotação inicialmente pejorativa até sua associação com o trabalho nas estâncias e a cultura regional. Esse processo de construção identitária é situado em um contexto de lutas políticas e movimentos culturais, como a guerra contra o Paraguai e o surgimento do tradicionalismo gaúcho.

Ao explorar a realidade dos trabalhadores rurais da pecuária, ele lança luz sobre a diversidade de ocupações e relações de trabalho presentes nesse setor, destacando a precariedade enfrentada por muitos desses trabalhadores, como Matteus, que atua como diarista e changueiro. A descrição detalhada das atividades e condições de trabalho revela a complexidade das relações de classe no meio rural.

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Por meio de exemplos concretos e dados socioeconômicos, Corrêa demonstra como Matteus representa não apenas uma faceta da identidade regional gaúcha, mas também uma realidade mais ampla de trabalhadores precarizados no contexto do agronegócio global. Sua análise desafia as idealizações da cultura regional e destaca a importância de reconhecer as condições materiais e as lutas de classe subjacentes.

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Em última análise, “Matteus é peão!” oferece uma contribuição valiosa para o debate sobre identidade e classe no Brasil contemporâneo, convidando-nos a repensar nossas concepções sobre o que significa ser gaúcho e a considerar as experiências e perspectivas dos trabalhadores rurais marginalizados. O texto de Corrêa nos lembra que, para além dos estereótipos e das representações idealizadas, existe uma realidade complexa e multifacetada que merece nossa atenção e solidariedade.

Veja o texto na integra neste Link : Matteus é peão!

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