O renascimento depois de uma tragédia: alegretense descreve suas fraturas e traumas e a perda de um filho

O dia que marcou nossa vidas. Esse é o livro da alegretense Leila Giacomini Uberti de 47 anos, que traz a história do dia em que a vida mostrou o quanto ela é forte, obstinada e a fez ter muita fé para enfrentar múltiplas fraturas pelo corpo e a perda do filho de apenas 8 anos, à época.

O acidente foi São Francisco de Assis, por volta das 18h50, e envolveu um caminhão, uma colheitadeira e um Sandero que resultou na morte de Inácio Giacomini Grigoletto. Leila e o outro filho, Bruno Giacomini Grigoletto, 10 anos, em 2013, foram socorridos e encaminhados à Santa Casa de Alegrete.

A alegretense ficou 14 dias na UTI, teve fratura, na pélvis, quadril, púbis, em cinco costelas, coluna lombar, escápula, úmero e traumatismo craniano.

A recuperação foi muito difícil, por vários fatores, desde os problemas de saúde, as sequelas, problemas financeiros e pelo luto, mas isso tudo, sempre a deixou mais convicta de que não poderia desistir, pois tinha muita fé.

O início da entrevista

Leila aceitou falar com o PAT, e narrou um pouco da sua trajetória desde aquele fatídico final de dia, há 9 anos. Entre a descrição, estão algumas informações sobre o acidente, a vida pós, as dificuldades, a superação e o livro.

O relato inicial foi para explicar um pouco a rotina dela, à época, com os dois filhos.

Separada do pai dos meninos, ele que reside em outro estado, sempre que vinha a Santa Maria, marcava para encontrá-los. Por esse motivo, Lelia que naquele ano trabalhava em uma corretora de seguros e dividia o tempo com a pracinha dos filhos, a escola e demais afazeres, partiu de Alegrete, rumo a cidade chamada de o coração do Rio Grande, para que os meninos pudessem ver o pai.

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“Saí do trabalho passei em casa, pegamos a mala e seguimos viagem. Eu sempre ia pela BR 290 e, naquela noite, não sei explicar o motivo, mas o trajeto foi diferente e fui em direção a Manoel Viana, já o acidente aconteceu no quilômetro 10 da ERS-241, entre São Francisco de Assis e São Vicente do Sul.

Foi entre um caminhão, meu carro e uma colheitadeira. A máquina não poderia estar rodando, é proibido. Depois da colisão do carro, recordo que o Bruno saiu pelo vidro, pediu socorro para o motorista da colheitadeira que não fez nada e, na sequência, falou com o outro condutor que acionou a ambulância.

Depois, fiquei inconsciente e só voltei a ter os sentidos, já na UTI. Meu ex-marido(pai dos meninos), estava ao lado da cama com o Bruno, quando acordei, foram eles que me deram a notícia – o Inácio não tinha resistido.

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Recordo que na hora, queria gritar, mas devido as fraturas, isso não era possível. Foi a pior dor que eu poderia sentir, meu corpo estava dilacerado, todavia, nada se compara ao que meu coração de mãe sentiu”- ressaltou.

Saída do hospital

Leila acrescenta que a saída do hospital foi o início de um longo tratamento de recuperação que acontece até os dias de hoje, pelo menos uma vez ao ano, ela vai ao Centro de Reabilitação Sarah kubitschek(Brasília).

Mas, devido ao fato do trabalho, na corretora, não ter vínculo empregatício, ela não tinha como ficar em laudo, portanto, foram os familiares e amigos que a auxiliaram, financeiramente, durante dois anos.

Sem conseguir trabalhar, ela teve esse amparo, que se emociona ao citar o quanto se sentiu amada e apoiada por todos que foram únicos nesta etapa.

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Entretanto, nada foi fácil, os dias foram de muita superação, algo que foi possível, segundo ela, devido a sua crença no kardecismo.

“Quando fui residir em Goiás, conheci, o espiritismo e segui essa doutrina que foi um dos pontos essenciais, para que eu tivesse forças para seguir. Eu sempre tive muita fé, mas precisei de muita resiliência e principalmente, jamais sentir pena de mim, eu sabia que precisava lutar por mim e pelo meu filho Bruno”- comenta.

A mãe, Odete Pilecco Giacomini, o filho Bruno, o esposo João Paulo Uberti e a prima Carine Pilecco, são pessoas que têm passagens decisivas na vida de Leila.

Carine foi a grande influenciadora para que ela colocasse no livro, detalhes do dia do acidente, da recuperação, do luto, das dificuldades, das conquistas e da inspiração que que eu pudesse passar para qualquer um que enfrentou ou possa ter algum infortúnio.

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O recomeço

Depois que consegui caminhar, a notícia de que, para sempre eu teria uma sequela grave na coluna que me impede de muitas atividades, me fez ter inspiração para me reinventar e conseguir sustentar meu filho. Desde maio deste ano, iniciei a fabricação dos pães de fermentação natural(100%artesanal), para ter uma renda extra.

Já, para o livro, quando decidi escrever, algo que também, jamais passou pela minha cabeça antes, de ser uma escritora, entretanto, sempre amei ler, eu o conclui em 20 dias.

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Foi surreal, a forma em que me dediquei e o livro teve inicio, meio e fim com uma mensagem que, tenho certeza, vai impactar a vida das pessoas de forma positiva. Para isso, minha mãe que faz parte do grupo da Panela Campeira, fez um risoto para arrecadar o valor para a editora. Outra passagem fantástica, pois rapidamente as pessoas, mais uma vez, se uniram, recebi doações e com a venda do risoto, consegui o valor que precisava, com isso, no início do próximo ano, vou fazer o lançamento do livro, que terá um valor bem acessível e estará disponível em todas as plataformas e de forma física.

Eu quero que as pessoas, por meio da empatia possam entender que não é fácil, pois não tem um dia sequer que eu não pense no meu filho, que eu não sinta por tudo que aconteceu, que não enfrente desafios. Mas nada disso, é motivo para que eu não seja grata por essa vida. Todas as manhãs agradeço a Deus pela dádiva de ter a oportunidade de conquistar a graça de conseguir os custos do meu filho, nos estudos.”- pontua.

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Durante toda a entrevista, por vários momentos, Leila se emociona e o choro é inevitável. Na sequência, segue a narrativa interrompida por mais uma avalanche de lembranças, de sentimentos e de saudade.

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Mais detalhes vocês terão no livro que logo será lançado em 4 de março de 2023, em um jantar no espaço de eventos America, a Panela Campeira fará um risoto

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