Igualmente, tem sido uma prática utilizada em regimes ditatoriais, principalmente como uma forma de retaliação contra as mulheres ou famílias que não são leais ao regime, tal como na Argentina durante o Processo de Reorganização Nacional.
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O tráfico de crianças destina para adoção ilegal, a exploração infantil, tanto para trabalho – serviço doméstico, trabalho escravo em campos, minas, plantações e fábricas – como sexual – para a prostituição e corrupção de menores, pornografia infantil, abuso sexual de crianças – atividades criminais, roubo, retirada de órgãos ou mendicidade e uso militar das crianças.
Diariamente, em várias partes do mundo, existem crianças que são compradas, vendidas e transportadas para longe de suas casas. O tráfico de seres humanos é um negócio multimilionário que continua a crescer em todo o mundo, apesar das tentativas de detê-lo.
O tráfico de crianças constitui uma das mais graves violações dos direitos humanos no mundo atual e ocorre em todas as regiões do mundo. No entanto, foi somente na última década que a prevalência e consequências desta prática ganharam notoriedade internacional, devido a um aumento drástico na investigação e ação pública. A cada ano, centenas de milhares de crianças são contrabandeadas através das fronteiras e vendidas como objetos.
Homem é assassinado a facadas em Alegrete
Essa introdução se deve a narrativa a seguir de uma história real que aconteceu em Alegrete e, somente depois de quase sete décadas registra um final feliz.
A tentativa de tráfico de uma garotinha, aos cinco anos em Alegrete, somente teve um desfecho feliz, nesta semana, cerca de 67 anos depois.
Falar em algo impactante como o rapto de meninas, parece algo que só acontece em cidades grandes ou que é mais uma história de filmes cujo tema é um grande drama. Contudo, a reportagem do PAT, foi procurada pelo paulistano Mauricio Jacques, de 48 anos, que atualmente reside em Fortaleza/CE.
Ele está em Alegrete acompanhando a mãe, Eni Jaques de Melo, hoje com 73 anos. A alegretense retornou ao seio familiar depois de muita dor por ter sido retirada do seu lar, ainda criança e nunca mais ter retornado para casa.
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O PAT esteve na casa da sobrinha de Eni, onde ela está hospedada e conversou com ela para saber detalhes sobre esse grande dilema em que viveu após ser retirada da casa dos pais, aqui em Alegrete, na década de 50.
O início:
Eni, ainda se emociona ao lembrar, mas acrescenta que quase tudo está em sua memória, embora fosse apenas uma criança de cinco anos.
Ela diz que a mulher que a “roubou”, se aproveitou de um momento de fragilidade de sua mãe, pois um dos irmãos havia falecido, também criança.
A mulher soube do triste episódio e foi na casa, que era muito humilde, de chão batido, para oferecer ajuda.
Durante dois dias, se aproximou da mãe de Eni e ganhou sua confiança, na sequência, a convenceu que iria levá-la até a avó materna, em outro bairro, e sem desconfiar, de que ali seria a última vez em que viria a filha, a progenitora consentiu.
Mas, Eni não chegou ao destino, e recorda que a primeira coisa que a mulher fez, assim que saíram da casa, foi cortar o seu cabelo como se fosse um menino e passou a dizer que o seu nome, a partir daquele momento, seria Margarete.
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Depois, por alguns dias, elas viajaram, foram várias caronas, até que chegaram no Paraná, onde um casal, iria “comprar” Eni, contudo, como havia a notícia de meninas desaparecidas, naquela época foram dez, não houve acerto e a criminosa teve que ficar com Eni.
Pouco tempo depois, ofereceu a menina para um homem, descrevendo que os pais tinham falecido em um acidente e que ela não teria como ficar com a “sobrinha”.
O homem destacou que não poderia levar a menina para casa, pois a sua esposa estava viajando. Desta forma, mais uma vez, Eni seguiu viagem com a mulher que não se deu conta e, por coincidência, encontrou novamente o mesmo homem e voltou a oferecer a criança. Foi então que ele, que à época era mascate, achou a história estranha e acionou a polícia.
No mesmo dia, a mulher que era do Paraguai foi presa pelo rapto de Eni. Entretanto, a modernidade e tecnologia de hoje não eram presentes, naquele período e, mesmo que Eni tentasse dizer algo, não foi ouvida e os pais, não foram imediatamente localizados, portanto, sem ter para onde ir, o homem o qual chamou de tio, se responsabilizou e ela foi tutelada por ele, até que a família fosse localizada, em Alegrete.
A chegada na casa do “tio”
Eni recorda que ao mesmo tempo que o homem tinha um coração generoso e quis acolhe-la, ao chegar na residência e ser apresentada à esposa, ganhou uma inimiga. “A mulher não me aceitou, pensou que eu fosse alguma filha bastarda ou algo assim. A partir daquele momento, eu passei a ser a escrava branca da casa, sem condições de muita coisa, nem mesmo estudar, pois quando estava no sétimo ano, a mulher ressaltou que não teria muito tempo para os afazeres domésticos e eu parei de frequentar a escola. Nesta fase, já morávamos em São Paulo”- comenta.
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A fuga
Aos 18 anos, sem aguentar mais a humilhação que sofria pela esposa do “tio”, Eni fugiu da casa e foi residir com uma amiga. Ela tinha uma farmácia e ela passou a ajudá-la, assim, garantia seu sustento.
O casamento
Aos 20 anos, Eni casou-se com o pai dos filhos, ao total são quatro, porém, a situação não foi muito fácil, pois ele era alcoólatra e durante 11 anos, ela conseguiu suportar, depois, o deixou e encarou a vida, com os filhos.
“Não posso dizer que foi algo assustador, e que estava sozinha, pois sempre estive só. Quando criança e depois no casamento, considerando que não há como ter uma segurança com uma pessoa que sofre com o alcoolismo. Eu não tinha como contar com ele para nada”- relembrou.
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O reinício
Mais uma vez, Eni não esmoreceu e seguiu a jornada. Ela trabalhou em várias frentes, foi diarista, vendeu doces, foi lavadeira e faxineira. Depois de um período, iniciou a sua loja de doces, e com o tempo conseguiu adquirir sua empresa que foi a garantia dela criar os filhos, dar estudo e também adquirir casa própria e carro.
Mas o passado a atormentava
Mesmo com todas as conquistas e os filhos criados, o passado a deixava sempre com uma grande lacuna, algo que a entristecia, mesmo assim, diante da dor que sentia por nunca ter tido o amor de mãe. Eni não gostava de falar no assunto e muito pouco descreveu aos filhos.
Contudo, a filha percebeu que o reencontro com a família iria fazer bem a Eni e passou a procurar por pessoas em alegrete com o mesmo sobrenome, até que chegou a uma sobrinha da mãe. Foi realizado o primeiro contato e quando Eni soube, ficou furiosa, pois não aceitava reviver o passado, por medo do que poderia encontrar.
Mas ela salienta que sempre se questionava, pelo fato de que a família não foi atrás dela naquele período, não a resgatou da sequestradora, nem mesmo quando a mulher foi presa.
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Depois de muito diálogo durante um ano, ela foi pensando na possibilidade de conhecer os familiares, ao saber que ainda havia irmãos vivos e os sobrinhos, algo que os filhos dela nunca tiveram contato, também. “Desde pequeno, meus amigos achavam estranho, pois nós éramos a única família que não tínhamos ninguém, nenhum tio, tia, primos. Éramos apenas nós e nossa mãe”, comenta Maurício.
Mas foi a morte de um dos irmãos há três meses que fez com que Eni tivesse coragem e pensasse em vir até Alegrete. “Eu sempre pensei que fosse enfartar, que não iria resistir quando esse encontro ocorresse, pois quando a minha sobrinha Fátima(onde está hospedada), me ligou pela primeira vez, eu quase morri. Passei muito mal” – ponderou.
Ela solicitou a ajuda do filho que reside em Fortaleza e eles embarcaram para uma nova etapa na vida de todos.
Fátima, a sobrinha que fez o primeiro contato e responsável por buscá-los no aeroporto em Uruguaiana, disse que sempre ouviu sobre a história da tia que tinha sido sequestrada. Ela é filha de uma das irmãos de Eni que já faleceu.
“Minha mãe sempre falou da irmã que tinha sido sequestrada e ressaltava que a minha avó recebeu um telegrama com a notícia de que teriam a encontrado, mas naquele dia a casa pegou fogo e ela perdeu o documento que poderia levá-la até a filha. Por esse motivo, a minha tia, Diva Marques, nunca se perdoava por ser a irmã mais velha e não ter impedido o sequestro ou ter percebido que a mulher iria levar Eni para outro Estado.”- falou Fatima.
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Sendo assim, quando Eni e Maurício chegaram na última terça-feira, o encontro foi muito emocionante. Eni sintetizou que agora está em paz, assim como a irmã Diva, além disso, considera que a sua história é uma esperança para muitas famílias.
“Se alguma mãe teve seu filho sequestrado, não pode perder a esperança e precisa buscar de forma incessante, pois em algum momento, pode encontrá-lo, como aconteceu aqui. Eu acho que no fundo, nunca imaginei que esse momento fosse possível, mas estamos aqui, para seguir mais uma etapa da minha vida, agora com a família que sempre desejei ter.”- finaliza.
Um dos momentos mais emocionantes o reencontro com a irmã- veja:
Muito interessante e triste a história desta senhora. Por outro lado, me chama atenção de como foi mal escrita esta matéria. Prolixa, falta de coerência e coesão das colocações.